quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

FUNDAMENTO DA VERDADE - parte I

Ao observarmos o mundo à nossa volta, percebemos que vivemos em uma época onde os princípios e fundamentos tem sido diluídos, o homem não busca mais as bases onde possa firmar e gerir sua vida, o que temos é uma relativização da verdade, dos valores, uma falseação de tudo o que possa ser posto como princípio de vida, um dos maiores exemplos desse fenômeno é a diluição do núcleo familiar. O casamento já não é tido como um dos fundamentos da vida familiar.


Como cristãos,  possuidores e anunciadores da Verdade - verdade esta promulgada por Cristo (Jo. 17.17) que santifica, liberta e salva -, temos que torná-la não somente boa para quem ouve, mas principalmente, ela deve surtir efeito em nós, começar seu trabalho a partir de nós mesmos. O apóstolo Paulo nos exorta a esse respeito quando diz: “...Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. I Co. 9.27” (grifo meu). Então, entende-se que primeiro a palavra deve começar sua obra em nós, ela deve santificar-nos primeiro, libertar-nos de nossos pecados e salvar-nos desta geração pecadora e perversa (Mt. 12.39).

O cristianismo é peculiarmente a religião de um só livro. A Bíblia é o meio pelo qual Deus decidiu apresentar sua revelação ao homem através de sucessivas eras. Cremos que a Bíblia é a Verdade e a Palavra de Deus e como tal, significa que ela encerra a autorrevelação de Deus e expressa toda a vontade de Deus em matéria de fé e conduta. É a informação segura quanto a Deus, quanto à vida e quanto à eternidade.

Nós temos em nossa própria língua um livro de texto e de devoção que encerra o programa todo de Deus, uma espécie de enciclopédia que fornece toda a sorte de informação teológica necessária, um manual de avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado. A prática da leitura e do estudo da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagradas Escrituras até O achar. A arte de enxergar toda a riqueza que está por trás da mera letra, é o ouvir a ouvir a voz de Deus falando diretamente ao coração ao se revelar quando estudamos sua Palavra e relacionamos texto com texto, palavras, contexto e assim, absorvemos tudo o que a Palavra revelada e escrita tem para nós, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos atraentes, através de uma leitura responsável e com o auxílio do Espírito Santo.

A Bíblia foi escrita por pessoas comuns, como eu e você. Se almejamos ser crentes felizes, vitoriosos e frutíferos, temos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus. Depois que nos convencemos de que podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida espiritual toma uma nova dimensão. Deus quer nos encontrar pessoalmente em Sua Palavra. Não desperdice a oportunidade que o Senhor nosso Deus lhe proporciona, oportunidade esta que custou a vida de muitos de nossos irmãos no passado.

A Interpretação Bíblica

Para que nossa compreensão das Escrituras seja a mais completa possível, não basta simplesmente pegarmos a Bíblia e lermos, temos que procurar ler e observar, buscar o que Deus quis revelar aos seus servos no momento em que estavam escrevendo, a isto damos o nome de interpretação.

Justamente neste ponto é que nos deparamos com uma das decisões mais importantes no estudo das escrituras: a persistência, a disciplina. Não é fácil estudar a bíblia, devemos colocar em nossos corações que, se queremos entender o que Nosso Senhor tem para nós, precisamos nos aplicar no entendimento das Escrituras. Jesus mesmo nos deu o exemplo dizendo... “errais não conhecendo as escrituras....e nem o poder de Deus” (grifo meu).

Uma das razões para a interpretação bíblica ser fundamental para o estudo das Escrituras, é que nem sempre o significado de determinada passagem é claro, várias são as razões para isso, uma delas é que por vezes trazemos à interpretação certas pressuposições provavelmente incorretas – podem ser atitudes, conhecimentos e convicções próprias sobre Deus, religião e realidade, que influenciam nossa maneira de entender o significado do texto. Outra razão é que há uma grande separação de tempo, cultura e linguagem. Isso faz com que certas passagens escritas na Bíblia sejam incompreensíveis para nós, que estamos no mínimo dois mil anos depois de terem sido escritas.

Interpretar é explicar ou exclarecer o significado que a passagem tinha quando o autor a escreveu para as pessoas de seu tempo. Ou seja, não podemos dar ao texto um significado que nos agrada e depois creditar ao Espírito Santo o crédito por ele. Há alguns princípios para que possamos fazer uma boa interpretação, mas citaremos apenas dois. São eles: primeiro: procure sempre a revelação total da Palavra de Deus, pois a Escritura nunca se contradiz. E, segundo: interprete a Escritura literalmente. A Bíblia não é um livro de misticismo. Procure o ensino claro da Escritura, não algum significado oculto.

Aplicação e responsabilidade

A palavra de Deus não produz fruto somente quando é entendida, mas quando é aplicada. Ela é o instrumento pelo qual Deus transforma o cristão. Por isso Tiago nos exorta; “acolhei com mansidão a Palavra em vós implantada” (cf.  Tg. 1.21).

O objetivo máximo da Escritura não é fazer por nós, mas em nós para que a verdade se torne real em nossa vida. Há um perigo inerente quando se estuda a Bíblia. Ele pode proporcionar um processo intelectual fascinante, mas espiritualmente frustrante. Você pode se entusiasmar com a verdade, mas não ser moralmente mudado por ela. Se e quando isso acontecer, saiba que deve haver algo errado com seu estudo da Bíblia. É uma via de mão dupla: primeiro, devemos nos envolver com a Palavra de Deus por nós mesmos. Então devemos permitir que a Palavra nos envolva, para fazer diferença permanente em nosso caráter e conduta e isso é de responsabilidade nossa. Não basta simplesmente termos o conhecimento do que a bíblia diz se não estivermos dispostos a mudar nossa conduta. O vs. 22 do texto de Tiago, acima referido, nos diz que devemos “... ser praticantes e não somente ouvintes”. Essa é nossa parte no processo. Um compromisso assumido com a mensagem que proclamamos.

Essa é nossa parte no estudo da Escritura. Precisamos ficar atentos a três coisas nesse momento:

          1º- para que não substituamos a aplicação pela interpretação: é muito fácil ficarmos contentes com o conhecimento, em vez da experiência. O conhecimento deve produzir responsabilidade.

            2º - para que não substituamos o arrependimento pela racionalização: a maioria de nós tem um sistema embutido de aviso antecipado contra mudança espiritual. No momento em que a verdade chega perto demais, condenatória de mais, um alarme soa e, começamos a nos defender com elaboradas razões pelas quais ela se aplica a todo mundo, menos a nós. Nossa estratégia favorita é racionalizar o pecado ao invés de nos arrepender.

         3º - para que não substituamos uma decisão volitiva por uma experiência emocional: estudamos a Palavra de Deus, nos emocionamos com o impacto, mas nenhuma mudança acontece. Não há nada de errado em reagir emocionalmente à verdade espiritual, mas se esta for nossa única reação – se tudo o que fazemos é molhar nossos lenços e soluçar orações de perdão e depois seguimos o curso de nossa vida normalmente – então nossa espiritualidade está reduzida a nada mais do que uma experiência emocional sem gosto. Temos que ter coragem e vontade acima de tudo. Que haja uma decisão em reação ao que ouvi, pois o mais difícil não é conhecer a vontade de Deus, mas se dobrar a ela.!


Robson Ferreira da Silva
Pr. Robson Ferreira
Pastor da Igreja Cristã Ibero Americana
Teólogo e professor de Filosofia
continua...


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