Ao observarmos o mundo à nossa volta, percebemos
que vivemos em uma época onde os princípios e fundamentos tem sido diluídos, o
homem não busca mais as bases onde possa firmar e gerir sua vida, o que temos é
uma relativização da verdade, dos valores, uma falseação de tudo o que possa
ser posto como princípio de vida, um dos maiores exemplos desse fenômeno é a
diluição do núcleo familiar. O casamento já não é tido como um dos fundamentos
da vida familiar.
Como
cristãos, possuidores e anunciadores da
Verdade - verdade esta promulgada por Cristo (Jo. 17.17) que santifica, liberta
e salva -, temos que torná-la não somente boa para quem ouve, mas
principalmente, ela deve surtir efeito em nós, começar seu trabalho a partir de
nós mesmos. O apóstolo Paulo nos exorta a esse respeito quando diz: “...Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à
servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a
ficar reprovado. I Co. 9.27” (grifo meu). Então, entende-se que primeiro a
palavra deve começar sua obra em nós, ela deve santificar-nos primeiro,
libertar-nos de nossos pecados e salvar-nos desta geração pecadora e perversa
(Mt. 12.39).
O
cristianismo é peculiarmente a religião de um só livro. A Bíblia é o meio pelo
qual Deus decidiu apresentar sua revelação ao homem através de sucessivas eras.
Cremos que a Bíblia é a Verdade e a Palavra de Deus e como tal, significa que
ela encerra a autorrevelação de Deus e expressa toda a vontade de Deus em
matéria de fé e conduta. É a informação segura quanto a Deus, quanto à vida e
quanto à eternidade.
Nós temos em nossa própria língua um livro de texto
e de devoção que encerra o programa todo de Deus, uma espécie de enciclopédia
que fornece toda a sorte de informação teológica necessária, um manual de
avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado. A prática da leitura
e do estudo da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das
Sagradas Escrituras até O achar. A arte de enxergar toda a riqueza que está por
trás da mera letra, é o ouvir a ouvir a voz de Deus falando diretamente ao
coração ao se revelar quando estudamos sua Palavra e relacionamos texto com
texto, palavras, contexto e assim, absorvemos tudo o que a Palavra revelada e
escrita tem para nós, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos
atraentes, através de uma leitura responsável e com o auxílio do Espírito
Santo.
A Bíblia foi escrita por pessoas comuns, como eu e
você. Se almejamos ser crentes felizes, vitoriosos e frutíferos, temos que nos
alimentar regularmente da Palavra de Deus. Depois que nos convencemos de que
podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida espiritual toma
uma nova dimensão. Deus quer nos encontrar pessoalmente em Sua Palavra. Não
desperdice a oportunidade que o Senhor nosso Deus lhe proporciona, oportunidade
esta que custou a vida de muitos de nossos irmãos no passado.
A Interpretação Bíblica
Para que nossa compreensão das Escrituras seja a
mais completa possível, não basta simplesmente pegarmos a Bíblia e lermos,
temos que procurar ler e observar, buscar o que Deus quis revelar aos seus
servos no momento em que estavam escrevendo, a isto damos o nome de
interpretação.
Justamente neste ponto é que nos deparamos com uma
das decisões mais importantes no estudo das escrituras: a persistência, a
disciplina. Não é fácil estudar a bíblia, devemos colocar em nossos corações
que, se queremos entender o que Nosso Senhor tem para nós, precisamos nos
aplicar no entendimento das Escrituras. Jesus mesmo nos deu o exemplo
dizendo... “errais não conhecendo as escrituras....e nem o poder de Deus”
(grifo meu).
Uma das razões para a interpretação bíblica ser
fundamental para o estudo das Escrituras, é que nem sempre o significado de
determinada passagem é claro, várias são as razões para isso, uma delas é que
por vezes trazemos à interpretação certas pressuposições provavelmente
incorretas – podem ser atitudes, conhecimentos e convicções próprias sobre
Deus, religião e realidade, que influenciam nossa maneira de entender o
significado do texto. Outra razão é que há uma grande separação de tempo,
cultura e linguagem. Isso faz com que certas passagens escritas na Bíblia sejam
incompreensíveis para nós, que estamos no mínimo dois mil anos depois de terem
sido escritas.
Interpretar é explicar ou exclarecer o significado
que a passagem tinha quando o autor a escreveu para as pessoas de seu tempo. Ou
seja, não podemos dar ao texto um significado que nos agrada e depois creditar
ao Espírito Santo o crédito por ele. Há alguns princípios para que possamos
fazer uma boa interpretação, mas citaremos apenas dois. São eles: primeiro: procure
sempre a revelação total da Palavra de Deus, pois a Escritura nunca se
contradiz. E, segundo: interprete a Escritura literalmente. A Bíblia não
é um livro de misticismo. Procure o ensino claro da Escritura, não algum
significado oculto.
Aplicação e responsabilidade
A palavra de Deus não produz fruto somente quando é
entendida, mas quando é aplicada. Ela é o instrumento pelo qual Deus transforma
o cristão. Por isso Tiago nos exorta; “acolhei com mansidão a Palavra em vós
implantada” (cf. Tg. 1.21).
O objetivo máximo da Escritura não é fazer por nós,
mas em nós para que a verdade se torne real em nossa vida. Há um perigo
inerente quando se estuda a Bíblia. Ele pode proporcionar um processo
intelectual fascinante, mas espiritualmente frustrante. Você pode se
entusiasmar com a verdade, mas não ser moralmente mudado por ela. Se e quando
isso acontecer, saiba que deve haver algo errado com seu estudo da Bíblia. É
uma via de mão dupla: primeiro, devemos nos envolver com a Palavra de Deus por
nós mesmos. Então devemos permitir que a Palavra nos envolva, para fazer
diferença permanente em nosso caráter e conduta e isso é de responsabilidade
nossa. Não basta simplesmente termos o conhecimento do que a bíblia diz se não
estivermos dispostos a mudar nossa conduta. O vs. 22 do texto de Tiago, acima
referido, nos diz que devemos “... ser praticantes e não somente ouvintes”.
Essa é nossa parte no processo. Um compromisso assumido com a mensagem que
proclamamos.
Essa é nossa parte no estudo da Escritura.
Precisamos ficar atentos a três coisas nesse momento:
1º- para que não
substituamos a aplicação pela interpretação: é muito
fácil ficarmos contentes com o conhecimento, em vez da experiência. O
conhecimento deve produzir responsabilidade.
2º - para que não
substituamos o arrependimento pela racionalização: a maioria de nós tem um sistema embutido de aviso antecipado contra
mudança espiritual. No momento em que a verdade chega perto demais, condenatória
de mais, um alarme soa e, começamos a nos defender com elaboradas razões pelas
quais ela se aplica a todo mundo, menos a nós. Nossa estratégia favorita é
racionalizar o pecado ao invés de nos arrepender.
3º - para que não
substituamos uma decisão volitiva por uma experiência emocional: estudamos a Palavra de Deus, nos emocionamos com o impacto, mas nenhuma
mudança acontece. Não há nada de errado em reagir emocionalmente à verdade
espiritual, mas se esta for nossa única reação – se tudo o que fazemos é molhar
nossos lenços e soluçar orações de perdão e depois seguimos o curso de nossa
vida normalmente – então nossa espiritualidade está reduzida a nada mais do que
uma experiência emocional sem gosto. Temos que ter coragem e vontade acima de
tudo. Que haja uma decisão em reação ao que ouvi, pois o mais difícil não é
conhecer a vontade de Deus, mas se dobrar a ela.!
Pr. Robson Ferreira Pastor da Igreja Cristã Ibero Americana Teólogo e professor de Filosofia |
continua...
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