quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MISSÃO MUNDIAL - parte I



Introdução:

             Existem vários equívocos na cabeça da maioria dos cristãos, quando o assunto é Missões (em especial Missões Transculturais). Um dos quais considero gravíssimo, é a grande preocupação com os campos missionários, com todos seus dilemas e conflitos (o que considero necessário), sem uma análise mais acurada da Igreja como um todo – especificamente o comportamento das igrejas locais modernas.

A Igreja, enquanto Corpo de Cristo, é formada por todos os salvos, espalhados por todas as partes do globo nas mais variadas denominações, nas quais o Evangelho de Cristo é pregado com fidelidade aos preceitos e princípios Bíblicos. Esta tem como tarefa suprema, alcançar todas as nações da Terra (cf. Mt 28.19; Mc 16.15; Lc 22.47; Jo 20.21 e At 1.8) e disto ninguém pode discordar. Tentar tratar do assunto Missões, ou qualquer tema correlato sem esse enfoque é incorrer numa grande frustração, pois assim como não há salvação sem Cristo, não haveria Missões sem Igreja e vice-versa, portanto, precisamos lidar com este tema mais comprometidos com a Igreja Corpo de Cristo, não com a igreja denominação. O problema não é que a igreja local está falhando, mas sim que a Igreja não está operando satisfatoriamente para alcançar os perdidos. 

No primeiro tópico trataremos mais sobre isto, ainda que de forma concisa, abordando os temas da existência, permanência e prevalência da Igreja, baseados na sua ação missionária através dos tempos.

No segundo tópico, veremos como as igrejas locais - de qualquer idade e tamanho; em qualquer lugar - podem ter seu testemunho potencializado e se tornarem mais frutíferas realizando missões.

Utilizando e canalizando melhor seus recursos, cada igreja local pode se tornar num grande celeiro missionário. Não o fazendo tenderá a se tornar em um grande obstáculo para o cumprimento desta tarefa – não existe elemento neutro no Reino de Deus (Mt 12.30)!

Muitas igrejas até pensam estar fazendo Missões sem nenhuma visão missionária! Parece uma contradição, mas há um grande número de denominações “transplantando cultura” ao invés de contextualizarem-se, quando alcançam povos de costumes e tradições alheias às suas.
E o que dizer dos “aventureiros” que põem uma mochila nas costas e saem como um 007 por aí se auto intitulando missionários?

Por último, pretendo desmistificar o pensamento de que as agências missionárias são um “corpo estranho” na Igreja. Muito pelo contrário, poderemos concluir que esta grande e poderosa ferramenta pode, dentre outras coisas, mobilizar as igrejas; criar e coordenar trabalhos missionários; organizar secretarias missionárias locais; canalizar recursos para campos missionários; viabilizar projetos missionários, além de despertar, treinar e conduzir os vocacionados aos campos, adequadamente.

Sem desprezar as Juntas e Secretarias missionárias denominacionais, veremos também que uma Agência Missionária pode, tranqüilamente, se transformar num departamento da própria igreja local, sem “atropelar” ou afetar, inclusive, esses órgãos.


MISSÕES: RAZÃO DA EXISTENCIA, PERMANENCIA E PREVALENCIA DA IGREJA


A. Razão da existência
             
Todos nós precisamos ter em mente que Missões não deve ser tratado como um simples jargão – desses que fazem muita gente “vibrar” e se emocionar em esporádicos cultos e encontros “missionários”. Também devemos considerar que este tema não é apenas uma matéria acadêmica relegada a uma classe de “iluminados” seminaristas.

A razão de ser e de existir da Igreja de Cristo está intrinsecamente ligada às missões. Vejamos o que diz I Pe 2.9: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

            Quando olhamos para o passado da Igreja, encontraremos a mesma centralizada numa ação missionária permanente, principalmente no primeiro século. O livro de Atos, por exemplo, pode muito bem ser chamado de o Manual Bíblico de Missões!  Nele estão contidas histórias de pessoas e igrejas que, até nos dias de hoje, são consideradas paradigmas.

            Apesar de não termos muitos dados que indiquem uma ação missionária efetiva e eficaz, do segundo século até o início quarto século, aproximadamente, entendemos que neste período a Igreja estava viva e ativa por causa das Missões.

            De meados do século IV à idade média e podemos perceber o avanço missionário mais evidente, embora dificultoso e, por fim, do início da Idade Média (1600 d.C.) até os nossos dias, temos notado um gradual crescimento do interesse por Missões, todavia muito lento. Estes dados mostram, dentre outras coisas, que a existência da Igreja dá-se pelo fato de que Missões sempre fizeram parte de sua dinâmica, ainda que variando para mais ou menos enfática em alguns períodos.

B. Razão da Permanência

            Mesmo a Igreja existindo e mantendo-se viva através dos séculos pela ação missionária, a sua permanência tem sido desafiada, senão de uma forma geral, pelo menos parcialmente. Refiro-me, por exemplo, ao triste fato citado num artigo por Thomas Reginal Hoover: “Infelizmente, quando analisamos os trabalhos que estes pioneiros realizaram, notamos que nada ou quase nada ficou. Sem uma única exceção, todas as terras bíblicas alcançadas até o primeiro século, são hoje, sem exceção, dominadas pelo Islamismo, onde a pregação do Evangelho é proibida. Na Turquia (Antiga Ásia Menor), onde Paulo esteve com Barnabé, o Cristianismo foi reduzido de 50% na Era Cristã, passando a menos de 1% em nossos dias. No Norte da África, houve uma igreja cristã extremamente forte nos três primeiros séculos. Desta igreja saíram os mais notáveis apologistas cristãos do Segundo e Terceiro Séculos: Tertuliano, Clemente e Orígenes, além de Cipriano e Agostinho. Todos os países ao Norte da África têm hoje entre 99% a 100% de muçulmanos, com exceção do Egito, com 85%”.

            Não podemos de forma alguma, nos conformar com estes dados. Não podemos aceitar o fato de continuarmos a perder terreno para quaisquer que sejam as religiões, seitas ou movimentos que desafiam a existência da Igreja. Isto só será possível se todo o povo de Deus conscientizar-se da urgência missionária, até que todos os povos sejam definitivamente alcançados.

C. Razão da prevalência

            Temos assistido a comportamentos bastante ambíguos, especialmente na igreja brasileira. De um lado estatísticas oficiais estimam uma população evangélica superando a casa dos 26 milhões (com direito a matéria de capa em revista de circulação nacional) – e crescendo! Todos os dias, milhares de pessoas se convertem em todo o território nacional e, como resultado, milhares de novas congregações surgem a cada ano.

            Os “megatemplos” e as grandes catedrais evangélicas desafiam assustadoramente a arquitetura ultrapassada de templos católicos; grandes concentrações evangélicas reúnem milhões em eventos do tipo “Marcha para Jesus” e a conquista de espaços cada vez mais relevantes na política (temos evangélico concorrendo à presidência da república!), nos meios de comunicação, empresarial, artístico, etc., está fazendo com que o já assustado e abalado (pelos escândalos) Vaticano, agora fique mais ocupado em preparar estratégias para tentar deter o avanço dos crentes no Brasil (e em toda a América Latina).

            Olhando somente pelo ângulo que nos possibilita enxergar tudo o mencionei acima, parece que poderíamos adotar a retórica triunfalista de que somos realmente imbatíveis! Mas, a estória não é bem assim... Infelizmente, o povo que detêm uma das maiores promessas do Novo Testamento – “as portas do inferno não prevalecerão” (Mateus 16.18 – tem sido minado em sua unidade e perdido sua força visivelmente. Isto é fato incontestável e facilmente confirmado pelas seguintes observações):

ü  As disparidades denominacionais, tanto no campo da teologia, quanto os sistemas de governo das mesmas, causam lentidão e desconfiança nos investimentos para evangelismo e missões transculturais (visto que este último principalmente, geralmente necessita de parcerias);

ü  Divisões internas têm enfraquecido o testemunho das igrejas locais, em várias denominações, levando muitas à falência;

ü  Escândalos dos mais diversos – em todas as áreas – levam ministros e suas respectivas denominações ao descrédito;

ü  Enormes somas em dinheiro são investidas desordenadamente;

ü  Doutrinas estranhas à Palavra de Deus tomam lugar nos cultos, ensinos e vida da Igreja.

Ainda que os destaques acima não abracem todos os problemas, penso que são suficientes para comprovar e justificar o enfraquecimento da Igreja. Mas, o maior e mais significativo é o descaso por missões! Este é o motivo principal da não prevalência da Igreja, pois a promessa de Mateus 16.18 está estritamente relacionada com o avanço da mesma, conquistando os reinos da Terra através da pregação das Boas Novas!



continua...
Pr. Aécio Felismino da Silva
Líder da Igreja Cristã Ibero Americana
e Líder de Missões  





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